Com mais R$ 1,8 bilhão, transposição será ampliada

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Com mais R$ 1,8 bilhão, transposição será ampliada

Governo federal deu largada ao processo de licitação para construção de um trecho adicional de 115 km de canal da transposição do São Francisco

O governo federal deu largada ontem ao processo de licitação para construção de um trecho adicional de 115 km de canal da transposição do rio São Francisco. Orçado em R$ 1,77 bilhão, o chamado ramal do Apodi deve levar água, apenas por gravidade, à Chapada do Apodi (RN). Os produtores da frutas da região acreditam que a obra pode criar um polo de fruticultura irrigada do porte do que se formou em Pernambuco e na Bahia, no Vale do Rio São Francisco.

Com previsão de ficar pronto em quatro anos, o ramal do Apodi é uma obra complementar ao projeto da transposição, que originalmente inclui 477 km e está 99% executado, com água percorrendo o eixo leste e previsão de começar a passar pelo eixo norte a partir de junho. Somente essa obra principal, iniciada em 2007, já consumiu R$ 12 bilhões.

Com o eixo norte praticamente concluído, o Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo potiguar Rogério Marinho, publicou ontem um edital de licitação de parte do ramal do Apodi, no valor estimado de R $ 1,05 bilhão. A licitação deve ser feita por pregão eletrônico em Regime Diferenciado de Contratação (RDC), no dia 1º de dezembro, quando será conhecido a empreiteira ou consórcio com proposta mais vantajosa.

A expectativa é que outros trechos do ramal do Apodi sejam licitados em breve, somando mais R$ 700 milhões em desembolso por parte do governo federal.

Quando concluída, a obra possibilitará um aumento do uso da vazão na transposição. Sem ela, só é aproveitada metade da vazão atual de 80 metros cúbicos de água. Diferentemente do que ocorre em outros trechos do canal da transposição, a água percorrerá o ramal do Apodi apenas com ajuda da gravidade, sem a necessidade de bombeamento e gasto com energia elétrica.

O obra principal da transposição beneficiou diretamente 12 milhões de pessoas, segundo estimativa do Ministério do Desenvolvimento Regional. Com ramal do Apodi, serão mais 600 mil pessoas atingidas, em 32 cidades apenas no Rio Grande do Norte e 48 considerando também os Estados da Paraíba e Ceará.

Em Apodi (RN), há pelo menos 8 mil pequenos agricultores de frutas. A maioria deles ainda não trabalha com irrigação por causa da irregularidade no abastecimento de água. Os produtores que hoje conseguem irrigar – e, com isso, produzir em escala suficiente para exportação – precisaram investir na construção de poços nos últimos anos. Foi o caso de Angelo Angel, que produz melão, mamão e banana em 300 hectares, sendo a maior parte das frutas destinada à venda para o exterior.

Segundo Angel, a chegada a água do rio São Francisco à região do Apodi representaria um “imenso” corte de custos de captação de água. “Temos o exemplo de projetos irrigados em Petrolina [PE], que deram muito certo. Tendo a água, o restante a gente faz”, afirma o produtor.

A longa estiagem que assolou o semiárido nordestino a partir de 2013 deu uma trégua em neste ano, mas o rio Apodi não pode ser considerado perene, o que deixa os produtores sempre reféns das chuvas. Junto com outros 47 agricultores, Gerson Gomes planta manga, acerola, goiaba e caju em pequenas propriedades na região. As frutas são beneficiadas em uma fábrica de polpas comunitária. “Essa obra é de uma importância tão grande para a gente que seus efeitos fogem do controle do que posso falar agora. É algo que nossos antepassados já sonhavam e passou por gerações”, diz o agricultor.

A chegada da água do rio São Francisco também deve melhorar o abastecimento urbano das cidades. Em Pau dos Ferros (RN), o prefeito Leonardo Rego (DEM) conta que mesmo com as últimas chuvas, a barragem que abastece o município está com apenas 25% da capacidade. “O nosso município só não colapsou durante os sete anos de estiagem por causa da construção de uma adutora de emergência”, conta o prefeito. “O impacto para a gente é imensurável”, afirma.

O município de Pau dos Ferros é polo universitário e de serviços médicos de um região que compreende 36 cidades no Rio Grande do Norte.

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